Nossa leitora Carolina nos perguntou: “o que faz uma marca ser considerada alta-costura?”. A resposta que pode parecer simples, é bem mais complexa do que as plaquinhas que usualmente vemos na frente de casas de costureiras que fazem vestidos longos. “Alta-Costura” é – para começo de conversa – um termo exclusivo aos associados da Chambre Syndicale de la Haute Couture (Câmara Sindical da Alta Costura), uma instituição francesa criada em 1868. Para fazer parte da Câmara há uma série de regras a cumprir – vamos a algumas delas:
1. Os modelos são artesanais, ou seja, construidos a mão. (Não pode ter costura à máquina).
2. Cada casa emprega no mínimo 20 funcionários especializados no que fazem – por exemplo, bordadeiras.
3. O endereço da maison deve estar entre as três avenidas mais importantes de Paris: Champs Elysées, Montaigne e Georges V.
4. A casa deve ter pelo menos cinco andares e concentrar ali um espaço para desfiles.
5. Cada coleção deve ter 35 modelos originais (isso quer dizer: nada de cópias) para o dia e para a noite.
6. As clientes podem encomendar peças sob medida.
Segundo a última lista disponibilizada, as seguintes casas fazem parte da Câmara (entre membros aderentes como Dior; membros de outros países que executam a alta costura como Valentino; e membros convidados como o brasileiro Gustavo Lins): Alexandre Matthieu, Alexis Mabille, Atelier Gustavo Lins, Christophe Josse, Christian Dior, Christian Lacroix, Chanel, Dominique Sirop, Elie Saab, Franck Sorbier, Giorgio Armani Privé, Givenchy, Joseph Font, Jean Paul Gaultier, LeFranc.Ferrant, Maison Martin Margiela, Maison Rabih Kayrouz, On Aura Tout Vu, Stephane Rolland e Valentino.
Vale notar que esta lista tem 20 nomes (incluindo Christian Lacroix que está em negociação) sendo que em 1946 eram 106 maisons.
Outra pergunta da nossa leitora foi sobre o glamour perdido no tempo – e isto tem uma explicação. É sabido que no século passado a “alta costura” entrou em uma grande crise. Nas salas de aula (das faculdades de moda) sempre circulou a informação de que a alta costura era (ou é) mantida por mulheres árabes. Mas não há nenhuma comprovação oficial deste dado. Para sobrevivência das casas (e até mesmo para que se mantenha os padrões da alta costura) cada uma tem o seu próprio perfume e suas linhas de cosméticos, acessórios como bolsas e peças prêt-à-porter. Afinal, podemos adquirir o N’ 5 de Chanel com mais facilidade que um de seus longos que pode custar mais que R$ 20 mil.
Curiosidade: Para se ter ideia da grandiosidade dessa instituição é interessante saber que ela foi alvo de uma das disputas da II Guerra Mundial. O rentável negócio que colocou Paris no topo da referência de moda, deveria, nos planos de Hitler e Mussolini mudar-se para uma sede alemã. O objetivo era o de arrematar a fama e os lucros da moda francesa. Mas, ao contrário do esperado, os estilistas franceses bateram de frente e não cederam as vontades de Hitler.